Mortalidade entre indígenas na Amazônia supera média nacional

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Mãe Crioula revelam que a taxa de mortes violentas de indígenas na Amazônia Legal é 26% mais alta que nos demais estados do Brasil.

Nos estados amazônicos, a taxa de mortes violentas entre indígenas ultrapassa a média nacional, atingindo 13,1 a cada 100 mil indígenas, em comparação com a média nacional de 11,8, dados referentes a 2021 revelam. A disparidade é marcante, representando 26% a mais de mortalidade na Amazônia em relação ao restante do país.

Na região, 114 indígenas perderam a vida, enquanto nos outros 17 estados e no Distrito Federal, foram registradas 86 mortes. Roraima (46), Amazonas (41) e Maranhão (8) lideram as estatísticas, destacando-se como os estados com maior número de vítimas.

A população indígena nos nove estados amazônicos totaliza 867 mil pessoas, superando os 825 mil registrados no restante do país.

É crucial ressaltar que as circunstâncias dessas mortes permanecem desconhecidas, não sendo necessariamente vinculadas a questões territoriais ou crimes ambientais frequentes na Amazônia. O estudo enfatiza que esses eventos podem decorrer de conflitos interpessoais, uma característica comum da violência letal no Brasil.

No entanto, é evidente que a ameaça aos indígenas se intensifica à medida que a região enfrenta um contexto agravado por múltiplas ilegalidades.

Os dados foram apresentados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Mãe Crioula na segunda edição do estudo Cartografias da violência na Amazônia.

Relatório e documentação realizada pela Comissão Pastoral da Terra, em 2022, já havia destacado um acentuado aumento nos casos de violência decorrentes de conflitos no campo durante o ano de 2022, sobretudo na Amazônia. O levantamentoda CPT rreveou um total de 553 ocorrências, afetando 1.065 pessoas, representando um aumento de 50% em comparação com o ano anterior, que registrou 368 casos e 819 vítimas.

As situações envolvendo assassinatos, tentativas de homicídio, ameaças, agressões (lesão corporal), torturas e prisões foram particularmente preocupantes.

Neste estudo, os indígenas emergiram como as principais vítimas desses incidentes, ressaltando a vulnerabilidade desse grupo diante dos conflitos no campo. Em 2022, 38% das 47 pessoas assassinadas no campo eram indígenas.

O pesquisador Vinicius Valentin Raduan Miguel (UNIR/ Ecoporé) indica que “é importante desvelar essa conexão de criminalidade ambiental e violência social contra os povos indígenas”. “São encruzilhadas onde se sobrepõem o racismo ambiental, injustiça climática e intensificação de conflitos socioambientais na Amazônia”, concluiu.

O pesquisador e coordenador de projetos da Ecoporé, Paulo Bonavigo (Ecoporé) ressaltou que, “além da crescente violência ilegal, é alarmante a impunidade de crimes ambientais e crimes contra as vidas humanas”. Para ele, “é preciso reforçar as instituições, a sociedade civil e fortalecer mecanismos do terceiro setor que possam promover uma cultura de paz e de proteção ao meio ambiente”.

Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, extraídos do material e pesquisa Cartografias da Violência na Amazônia, de 2023. Para ler o estudo completo, acesse: Cartografias da violência na Amazônia – 2a edição.

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