Ataque à base da Rebio Guaporé foi na madrugada de 22/01, e as chamas foram rapidamente controladas; PF investiga, e funcionários acreditam se tratar de retaliação.
Uma base do ICMBio na Reserva Biológica (Rebio) do Guaporé, em Rondônia, foi parcialmente incendiada por criminosos na madrugada do dia 22/01. Três homens armados expulsaram os servidores que estavam de plantão no local, no limite da unidade próximo ao distrito de Porto Murtinho, em São Francisco do Guaporé (RO), jogaram diesel por toda a base e iniciaram um incêndio, fugindo em seguida. As chamas foram rapidamente apagadas pelos próprios servidores, que retornaram. Ninguém se feriu e, até o momento, ninguém foi preso. A Polícia Federal investiga o caso.
Segundo uma das servidoras da área, que preferiu não ser identificada, o incêndio foi controlado antes que se espalhasse para além de uma pequena parte da varanda da base. Segundo o portal local Rota Comando, primeiro a noticiar o caso, os criminosos fugiram numa embarcação a remo “no sentido rio abaixo”. A base fica em frente ao rio São Miguel, que no sentido mencionado desemboca no rio Guaporé, marco da fronteira entre Brasil e Bolívia. Segundo a servidora, não há registros do ataque em câmeras de segurança.
As equipes do ICMBio vinham coibindo crimes ambientais na reserva, alvo constante de pecuária, caça e pesca ilegais, segundo artigo publicado em 2020. Operações contra as atividades vinham ocorrendo, inclusive com flagrantes de indivíduos armados. Segundo a gestora contatada pela reportagem, os servidores acreditam que o ataque possa ter sido uma retaliação por suas atividades, mas por enquanto não há “nada confirmado”. Segundo ela, o local segue em funcionamento, e a Polícia Militar foi mobilizada para garantir a segurança dos funcionários e do patrimônio “em permanência continuada nas bases do ICMBio na região”.
A base atacada é ponto de apoio as equipes do ICMBio e suas atividades, como combate a incêndios florestais, pesquisa, educação ambiental e fiscalização.
Reserva Biológica Guaporé
A Rebio Guaporé fica próxima a outras unidades de conservação, como a Reserva Extrativista do Rio do Cautário – administrada em conjunto por meio do Núcleo de Gestão Integrada Cautário-Guaporé – e a Terra Indigena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, além de fazer divisa com a TI Massaco (sobreposta à maior parte da Rebio), a TI Rio Branco e a Reserva Extrativista Pedras Negras, essa administrada pelo estado de Rondônia.
A região é parte de um ecossistema de transição entre o Cerrado e a Amazônia. Os afluentes do rio Guaporé na região, como o São Miguel, são rios de planície que, na época de cheia, alagam os campos. Essa característica, segundo o artigo já mencionado, faz com que a área tenha também características semelhantes ao “pantanal mato-grossense, apresentando espécies características desses três ecossistemas, o que garante à REBIO características de flora e fauna de grande biodiversidade e relevância para a conservação da natureza”.
Texto original: TUSSINI, G. ((o))eco. jan/2024.