“Justiça por Ari Uru-Eu-Wau-Wau”, organizações conclamam por justiça

O julgamento do réu acusado de matar o professor e líder indígena, Ari-Uru-Eu-Wau-Wau, ocorreu no dia 15 de abril, em Jaru-RO. Organizações manifestaram-se em pedido de justiça pela liderança indígena.

Em suas redes sociais, a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, publicou uma nota tratando do julgamento e seus resultados, destacando o atuação dos indígenas na defesa de seus territórios e da Amazônia. Além disso, reforça o papel que a floresta em pé presta para o ecossistema de forma global.

Nota Oficial – Justiça por Ari Uru-Eu-Wau-Wau

O Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia condenou, na segunda-feira (15), João Carlos da Silva, conhecido como “Guiga”, a 18 (dezoito) anos de reclusão pela prática do homicídio qualificado que vitimou o líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, encontrado morto há quatro anos em uma estrada vicinal, no distrito de Tarilândia, em Jaru – RO.

Para a Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé, a decisão do Tribunal do Juri é resultado do extenso e valoroso trabalho de investigação conduzido pelo Polícia Federal e da primorosa atuação do Ministério Público do Estado de Rondônia e dos Advogados Ramires Andrade e Jaques Ferreira, que compuseram a bancada da acusação e fizeram justiça frente ao covarde assassinato do professor e líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, o guardião da floresta.

O assassinato de Ari reforça a necessidade premente de proteção para os defensores da floresta, bem como exige dos orgãos de fiscalização e controle mais ações de combate aos crimes ambientais, que ameaçam a Amazônia e todos que dependem dela para sobreviver.

Há anos, a Associação Kanindé e os povos indígenas Jupaú vêm denunciando as invasões à TI Uru-Eu-Wau-Wau. Com quase 1,9 milhão de hectares, esse território é um dos últimos grandes remanescentes de floresta no Estado de Rondônia. Ari era um baluarte da proteção desse território, integrava o grupo de monitoramento formado para monitorar e denunciar essas invasões e foi brutalmente assassinado exatamente por isso, por proteger o seu território.

Se o Brasil é a nação que se apresenta ao mundo como protagonista das soluções para o enfrentamento da crise climática, não pode mais ser leniente com grileiros, garimpeiros, madeireiros e assassinos de defensores do meio ambiente e dos direitos humanos.

O brutal assassinato de Ari mostra ao mundo que é urgente combater os crimes ambientais, mas, também, é fundamental reconhecer o valor da floresta em pé e o valiosíssimo trabalho dos povos originários na sua preservação e conservação.

Precisamos enfatizar que o Brasil depende da Amazônia para a água que bebemos, que gera nossa energia elétrica e garante a abundância de alimentos. Destruí-la causaria efeitos nefastos também para o clima em todo o planeta.

Punir quem “apertou o gatilho” e tirou a vida de uma liderança indígena é um sinal importante de que o Estado está do lado certo no combate aos crimes ambientais e na proteção de lideranças indígenas. Mas, um passo ainda precisa ser dado no sentido de identificar e punir os demais envolvidos nesse bárbaro e covarde crime. Para a Associação Kanindé, fica a pergunta: Quem mandou matar Ari Uru-Eu-Wau-Wau?

Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé (2024).

Ari foi encontrado morto no dia 18 de abril de 2020 em uma estrada rural de Tarilândia, em Jaru. Os indícios apontaram para o envolvimento com crimes ambientais, porém o relatório final da Polícia Federal concluiu que o crime foi cometido “pelo simples fato de não gostar do Ari”.

A sentença representa um paço importante, mas inicial, frente a necessidade de revelação e responsabilização dos mandantes do crime. Da mesma forma, reforça a necessidade de proteger defensores das causas socioambientais que constantemente tem sofrido ameaças e colocado suas vidas em risco na defesa das florestas e comunidades.

“Que a memória de Ari-Uru-Eu-Wau-Wau continue a nos inspirar na busca por um mundo onde a justiça prevaleça para todos” (Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, 2024).

A publicação oficial da Nota pode ser encontrada nos perfis da Kanindé, acesse: @kanindebrazil

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