Aumentos significativos nas mortes pediátricas por leucemia linfoblástica aguda acompanham a expansão da soja no Brasil

O boom da soja no Brasil e o custo sombrio: Aumentos significativos nas mortes pediátricas por leucemia linfoblástica aguda acompanham a expansão da soja no Brasil.

Pesquisa de autoria dos pesquisadores, Marin Elisabeth Skidmore (Universidade de Illinois), Kaitlyn M. Sims (Universidade de Denver) e Holly K. Gibbs (Universidade de Wisconsin-Madison), indica um aumento de mortes de crianças em locais com a expansão da soja, provavelmente impulsionados pela contaminação do abastecimento de água por pesticidas. O artigo intitulado Agricultural intensification and childhood cancer in Brazil foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Nas últimas décadas, o Brasil se tornou tanto o principal produtor mundial de soja quanto o maior consumidor global de pesticidas perigosos.

Apesar das ligações identificadas entre a exposição a pesticidas e a carcinogênese, houve pouca pesquisa em nível populacional sobre os efeitos da intensificação do uso de pesticidas na saúde humana em geral no Brasil.

A pesquisa estima a relação entre a expansão da produção de soja e a exposição relacionada à comunidade aos pesticidas na incidência de câncer infantil usando 15 anos de dados sobre mortalidade por doenças.

Foi encontrado um aumento estatisticamente significativo na leucemia pediátrica após a expansão da produção local de soja, mas o acesso oportuno ao tratamento atenua essa relação.

A pesquisa sinaliza que a exposição aos pesticidas provavelmente ocorre através da penetração no abastecimento de água.

As descobertas representam apenas a ponta do iceberg para externalidades significativas na saúde da produção agrícola de alto insumo e mudanças no uso da terra.

Para o pesquisador da Ecoporé e professor da Universidade Federal de Rondônia, que atua no monitoramento de violações de direitos humanos e questões ambientais, Vinicius Miguel, “não é o primeiro resultado de pesquisas apontando a relação”.

Este ano, outras pesquisas importantes tem mostrado “a urgência em avaliar, monitorar e banir agrotóxicos pelos danos à saúde humana”.

Outros trabalhos significativos publicados em 2023 são:

1 – Cavalier, H., Trasande, L. and Porta, M., 2023. Exposures to pesticides and risk of cancer: Evaluation of recent epidemiological evidence in humans and paths forwardInternational Journal of Cancer152(5), pp.879-912.

2 – Ruth, A.L., Rehman, U., Stewart, P., Moore, L.E., Yucel, R. and Wilson, R.T., 2023. Maternal and Paternal Household Pesticide Exposure During Pregnancy and Risk of Childhood Acute Lymphoblastic Leukemia. Journal of Occupational and Environmental Medicine, 65(7), pp.595-604.

Assim, a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa de pesticidas e maior atenção à saúde pública em relação à exposição na comunidade em geral se faz fundamental. Do mesmo modo, é fundamental a constante mobilização e a pressão contra os projetos colocados pela Bancada Ruralista no Congresso que buscam a flexibilização do acesso e comercialização de agrotóxicos no país.

Para ler o artigo completo, acesse: <Agricultural intensification and childhood cancer in Brazil>.

Últimas Postagens

Compartilhe esse post!

Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Email