Nesta quinta-feira (16), faleceu aos 82 anos o agrônomo Adilson Paschoal, uma das principais referências em agroecologia no Brasil.
Reconhecido e enfrentando resistências por introduzir o termo “agrotóxico” para descrever produtos anteriormente chamados de pesticidas ou defensivos agrícolas, Paschoal deixou a esposa Marisa Perencin Dias Paschoal, dois filhos e uma neta.
Paschoal colaborava intelectualmente com Ana Maria Primavesi, engenheira agrônoma pioneira nos estudos e na implementação da agroecologia no país, ambos sistematizando conhecimentos para a preposição e fortalecimento de uma produção agrícola alternativa.
Juntos, desafiaram as ideias dominantes do agronegócio sobre modelos de produção agrícola. Defendendo o respeito aos ciclos naturais e aos trabalhadores, eles conquistaram seguidores leais, que continuam a disseminar e concretizar o legado da agroecologia.
Ele acumula os títulos de livre-docência, professor titular e professor sênior e formação em engenharia agronômica, na Esalq, doutorado em zoologia, especialização em ecologia e conservação de recursos naturais, na Ohio State University, e doutorado em ciências agrárias e pós-doutorado também na Esalq.
O termo agrotóxico
Republicaremos parte do conteúdo publicado no dia 03/10/2023 pelo Brasil de Fato em um perfil de Adilson Paschoal, produzido pela repórter Gabriela Moncau, para compreendermos como uma das contribuições de Paschoal são de grande relevância e como um termo vocábulo criado a quase 50 anos continua sendo disputado.
Foi Adilson quem inventou, em um artigo publicado em 1977 e depois em um livro de 1979 uma palavra que se tornaria clássica, o vocábulo “agrotóxico”. Contrapondo-se a nomes usados até então e que em sua visão tinham o objetivo de ocultar a verdadeira natureza tóxica desses produtos, como “pesticida”, “praguicida” ou “defensivo agrícola”, Adilson defende que termo proposto por ele é o mais rigoroso cientificamente.
A despeito dos interesses do agronegócio, a palavra “agrotóxico” como a nomenclatura correta para definir esses produtos não só virou lei federal (nº 7.802) em 1989, como se popularizou. O Brasil é o único país a usá-la, inclusive entre os de língua portuguesa. Passados 46 anos da criação do vocábulo, no entanto, ele incomoda setores do agro.
Apelidado por seus críticos como “Pacote do Veneno”, o projeto de lei (PL) 1.1459/2022 ressurgiu no Congresso Nacional. No último 27 de setembro, o projeto foi discutido na Comissão de Meio Ambiente (CMA) e está prestes a tramitar no Senado.
Na avaliação da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, um relatório apresentado pelo senador Fabiano Comparato (PT) reduziu alguns problemas que o texto inicial do projeto propunha – como parar de usar a palavra “agrotóxico” – mas o pacote é, ainda assim, perigoso.
“A tentativa de amenização no voto do relator foi insuficiente e jamais apoiaremos que haja ‘risco aceitável’ para doenças como câncer, malformação fetal, entre outras”, diz o manifesto contra o Pacote do Veneno, assinado por cerca de 130 organizações.
Para acessar o conteúdo original e completo, acesse: o Brasil de Fato <https://www.brasildefato.com.br/2023/10/03/conheca-adilson-paschoal-criador-do-termo-agrotoxico-e-parceiro-de-ana-primavesi>.