Toda a comunidade de Vila Nova de Teotônio tem sido afetada com as mudanças que o Rio Madeira tem enfrentado, especialmente o grupo de pescadores tradicionais. Tem ocorrido um processo acelerado de assoreamento no principal acesso ao rio e aos pontos de pesca da comunidade.
O acúmulo de sedimento afeta diretamente a pesca, aumentando o tempo de deslocamento até o local de pesca. De acordo com os pescadores locais, o desvio que acabam utilizando aumenta o tempo de deslocamento em mais de meia hora e, consequentemente, o custo da atividade.
Este assoreamento é, aparentemente, acelerado pelos empreendimentos hidrelétricos no Rio Madeira, em especial o de Santo Antônio, que fica abaixo da Vila, forçando a retenção de sedimentos. Os próprios pescadores têm esse entendimento. Além disso, surge uma segunda reclamação: o sumiço dos peixes de maior valor comercial, principalmente os frugívoros (que se alimentam de frutas) e os grandes bagres, como a dourada, piramutaba e outros.
Outra questão identificada é a dificuldade de determinação de um local de pesca exato, onde não haja escassez. São muitas queixas sobre a falta de um ponto de pesca com abundância e diversidade de peixes. Antigamente, a pesca desta comunidade era totalmente realizada nas pedras da Cachoeira de Teotônio.
Há relatos de outros pescadores sobre a qualidade da carne do pescado. Atualmente, os peixes apresentam sabor e aroma alterados, além de estarem magros devido à má alimentação. Alguns peixes, inclusive, têm apresentando grandes concentrações de vermes e parasitas. Este cenário já havia sido alertado por especialistas antes da construção das barragens no Rio Madeira, com cobranças de medidas que seriam tomadas para mitigar esses possíveis impactos.
Enquanto os pescadores tradicionais sofrem com as consequências e enfrentam dificuldades em suas atividades geradora de renda, nada está sendo feito para amenizar mais este impacto.