De acordo com liderança, entrevistada pelo Rondoniaovivo, a área foi desmatada para criação de gado e plantio de grandes lavouras.
Dentro da Terra Indígena (TI) Karipuna, em Rondônia, foi descoberta uma clareira que não é natural, mas sim resultado do desmatamento realizado por madeireiros e grileiros.
Segundo uma liderança do povo Karipuna, esses invasores têm a intenção de criar pastagens para gado ou realizar plantações dentro da área protegida, que foi homologada como território indígena na década de 90.
A descoberta da clareira foi feita recentemente pelos próprios indígenas, que utilizam equipamentos de monitoramento para acompanhar o território. Essa área desmatada, conhecida como Igarapé Fortaleza, está localizada cerca de 3 km além da fronteira do território.
O desmatamento nessa região está causando danos ambientais significativos e afetando diretamente a subsistência dos indígenas, que dependem das plantações de castanha e açaí. Além disso, os invasores estão prejudicando a fauna, a flora e os recursos hídricos dentro da TI Karipuna.
Os Karipunas também enfrentam o medo de conflitos, pois a presença dos invasores está próxima das rotas que os indígenas utilizam para se deslocar até a cidade.
Além disso, eles estão cercados por crimes como desmatamento, pesca ilegal e extração ilegal de madeira, o que causa impactos ambientais, sociais e psicológicos.
Para lidar com essa situação, os Karipunas estão solicitando a remoção dos invasores e a realização de fiscalizações regulares dentro do território para coibir esses crimes.
Em resposta ao Rondoniaovivo a Funai diz que “tem conduzido ações de proteção territorial e fiscalização com o apoio de várias entidades, como a Polícia Militar Ambiental, a Polícia Federal e o Ibama. Serrarias próximas à Terra Indígena foram fechadas durante essas operações”.
O Ministério dos Povos Indígenas afirma que “está priorizando a questão das invasões em territórios indígenas, incluindo a TI Karipuna, e está elaborando um cronograma de desintrusão para garantir a segurança dos indígenas dentro de seus territórios”.
O Governo de Rondônia informou que “também está contribuindo, subsidiariamente, para as fiscalizações quando solicitado, apesar de a TI Karipuna ser uma área de responsabilidade da União”.
Desintrusão do Território
Vale lembrar que a TI Karipuna está inclusa no plano de desintrusão provocado pela ADPF 709, publicada pelo STF. Em maio do ano passado, a Polícia Federal e outras forças iniciaram o processo de desintrusão.
Ao todo, foram escalados 80 agentes da corporação, além dos 11 profissionais das demais instituições parceiras, sendo um servidor da Funai e dez do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O foco foi em 20 madeireiras e serrarias que ficavam no entorno do território, que “esquentavam” a madeira obtida ilegalmente, dando um aspecto de ter havido uma extração legal.
Nos meses seguintes, houve outras operações conduzidas pela PF. Na Operação Borda de Proteção III, por exemplo, foram desmantelados dois acampamentos de invasores. Isso mostra que, como em outras TIs, os não indígenas acabam retornando aos locais, quando não há um esquema de segurança permanente, algo demandado por lideranças de diversas etnias e que enfrentam problemas distintos.
No intervalo entre 2015 e 2021, o território perdeu 4.754 hectares para o desmatamento, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com isso, a TI Karipuna ocupou a 9ª posição na lista de terras mais devastadas do país.
Seguidas denúncias
Os Karipunas vem seguidamente denunciando as invasões ao seu território. A TI encontra-se em uma região em que há ações ilegais dentro de áreas protegidas, por exemplo a TI Uru-Eu-Wau-Wau e ao Parque Estadual de Guajará-Mirim.
Fugindo das ações de repressão a crimes ambientais e invasão nas áreas protegidas vizinhas, os infratores acabam por intensificar suas ações dentro da TI Karipuna, repetindo as práticas ilegais adotas.
Além disso, os Karipunas temem sofrer com represálias dentro de seu próprio território, se sentindo ameaçados pelos infratores.
Em dezembro de 2023 apontamos os recentes avanços de desmatamento dentro do território Karipuna. No nosso Boletim Edição IV apresentamos o contexto das ilegalidades cometidas na TI Karipuna.
Fontes:
Observa Rondônia. 09 dez 2023. O avanço do desmatamento olegal na Terra Indígena Karipuna.
Letycia Bond. Agência Brasil. 30 jan 2024. Indígenas karipuna denunciam aumento de invasores em sua terra.
Rondoniaovivo. 08 fev 2024. CRIMES: Indígenas denunciam desmatamento de invasores em território Karipuna.